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terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Morro


Salvador Dali


A chuva que molhava as plantas e fazia alguns homens sonharem com melhor tempo em terras secas, tais como o inferno onde quase nada nasce e tudo um pouco morre, fez a tristeza daquele povo da região. As autoridades sempre preocupadas com a imagem cristalina dos televisores e dos índices de popularidade os havia esquecidos por completo.
A chuva não.
No morro ninguém sabia ao certo que aquele pedaço de terra que já foi feito de cemitério de escravos estava condenado.
Um relatório meses depois foi descoberto por algum gonzo perdido no meio de um número de papéis de todo o tipo, neles e entre eles estava o relatório condenando a colina e pedindo energeticamente que todos os habitantes daquele pedaço de terra fossem alocados para outra região.
A religião do povo daquela área estava dividida em grandes templos distantes e pequenos terreiros por perto.
Uma garota recorda um dia antes da catástrofe, que um preto velho tinha baixado e avisado severamente para seus filhos que aquela terra estava marcada de sangue.
Muita gente não entendeu, alguns resolveram cortar galinhas, outros diziam que era coisa do diabo. Outros, como a garota do relato, saíram dali imediatamente.
A chuva começou devagar, mas a tempestade cresceu durante a noite e os raios riscavam cada pecado dos pecadores que se reuniram no templo.
Quando a imprensa noticiou a catástrofe, um considerável grupo de pessoas já havia sido morto pelos escombros, outras insistiam em chorar ou ajudar nas buscas.
Foi decretado luto oficial.
Preto velho já avisou sobre os outros morros.
Mas as autoridades estão preocupadas demais com seus eventos midiáticos. O povo da região seca reza pela água do céu e os outros rezam para não cair nenhum raio em cima de suas cabeças. O pessoal do templo reza e pede benção, mas deus anda meio sem crédito e sua poupança vazia, logo depósitos e doações são bem vindos de todas as partes.


Plaz Mendes: Esse texto faz parte do livro “Prisão Amarela” pela Editora Multifoco. Interesse? Entre em contato!

domingo, 30 de julho de 2017

Persona III




Eu gosto de Oscar Wilde.
Eu gosto tanto dele que fiz essa merda.
Lembrem se que sou professor de literatura juvenil.
E pego pesado com os fedelhos.
Tudo começou com ela.
Que fez meu corpo tremer desde o início.
Acostumado com o banheiro de minha mãe.
Desculpe o que eu disse?
Mas ela nem quis me ouvir.
E veio a desgraça.
Longe dali uma linda sereia avistei.
E logo o camarão veio amargo na boca.
E percebi que nada valia à pena.
Perdi a pena da vida naquele dia.
Mas ai-surtei mais doido.
Acreditando que todo mundo louco.
Era o melhor mundo.
E curti uma vida adoidada.
Cheia de álcool.
Sexo & drogas.
Mas veio-ela.
Esperta como diabo.
Arisca-feito raposa.
Sexual como uma rainha.
Aranha serpente que roubou meu coração.
E fomos viver juntos.
Ajuntados.
Contas.
Enamorados.
Camas.
Casados.
Quartos.
Briguentos.
Banheiros.
E expulsamos nosso amor aos pontapés.
Foi quando lembrei-dos-filhos-das-putas.
E de Oscar Wilde.
E matei aquilo que mais amava.
Aperte — — -os — — -cintos e senti o vazio da minha mão.
Espatifei a caminho entre o socorro e a solidão.

Thiago Mendes

sábado, 13 de maio de 2017

Vivo ou Morto


Pixabay




Despertador.

Despertando para uma nova ordem, e eis que damos de cara com muros escondidos nas nossas mentes alienadas. Estamos prontos para cheirar nossas vidas e fazermos papel de palhaço para eles.

Desperdiçando a magia dos abraços e atos amigos, trocando tudo por mercadoria em sessenta vezes pagas com enormes juros acréscimo por ano, perda de um dente incluso no ônus.

Acreditamos nas vozes e no Vox Populis das máquinas coloridas estacionadas em nossos quartos. Um quarto de nossas vidas perdidas entre ligar e desligar.

Entrar e sair.

In out.

Comer e dormir.

Beber e fumar.

Amar e odiar.

Vivo ou morto.

Ressurgindo como heróis maltrapilhos e encardidos de sangue de inocentes ou ideologias contraditórias guardadas nos museus da história vencidos e vencedores.

Heróis e bandidos.

Glória e tristeza.

Honra e vergonha.

Amar e odiar.

Vivo ou morto.

Maniqueísmo e maquinário da repetição das máquinas pulsando sangue sujo açúcar sal pó poeira das ruas abatidas como pombos abatidos para alimentar os pobres famintos.

Por comida.

Por sexo.

Por drogas.

Por vida ou morte.

Cresci e agora posso vestir minha roupa, e sair por aí dando tiro ou mijo ou exijo ou respiro pior por um cigarro melhor, esqueço, estudo, escuto, repito, cresço um pouco mais e um pouco menos de vida, diplomo e procuro emprego nas ruas e sites especializados em nos deixar cansados de tanto tentar e de tanto ouvir:

Não há vagas.

Não há estágio.

Não há vagas.

Vivo ou morto.

Murro os muros e rezo nos bancos por um dinheirinho e um pouquinho só, Deus solta o verbo e desconta meu salário em zeros e esmurro deus mendigo clamando uma esmola e chorando por Jesus no sinal de trânsito brincando com suas cruzes e trapézios.

Vivo ou Morto.

Tumblr

Thiago Mendes


quarta-feira, 19 de abril de 2017

Crítica: Eis os Delírios do Mundo Conectado (2016)






“A realidade é aquilo que, quando você para de acreditar, não desaparece”.Philip K. Dick




Neste documentário do diretor alemão Werner Herzog , somos colocados diante da questão da internet e como ela afeta nossas vidas. O filme é divido em capítulos que vão destacando o inicio da criação da internet pelos pioneiros da época, e de que forma seu crescimento atingiu a todos os seres humanos. Herzog destaca uma aura sagrada no nascimento da internet e também que mesmo entre os criadores dela existe visões destoantes.

A internet tem facilitado a vida das pessoas de enormes formas e jeitos. Perpassando pela ciência, tecnologia e diminuição das fronteiras entre as pessoas. Ela permeia tudo e todos. No filme, vemos, por exemplo, a importância de um jogo online para a resolução de problemas científicos.

O jogo citado no documentário é Eterna e você pode dar uma conferida nele aqui.

Mas, se por um lado temos os vários benefícios da internet, Herzog também nos mostra o seu dark side e é nessa parte que seu talento e humanismo sobressaem ainda mais.

Uma família que teve a foto de sua filha morta exposta na web — casos como esse são cada dia mais rotineiros — quase um paralelo ao filme Nightcrawler. Viciados em jogos que precisam recomeçar do zero suas vidas, pois já não conseguem mais distinguir o real e o virtual a ponto de esquecerem completamente suas necessidades mais básicas e pessoas que por causa da radiação de celulares são providas de suas vidas e, literalmente, presas em gaiolas. Para saber mais sobre essa condição clique aqui.

Também temos o movimento hacker, onde há uma entrevista divertida com o famoso Kevin Mitnick — não é mero acaso se te lembrar de Mr. Robot — e prosseguindo em segurança nacional e guerras cibernéticas. A internet é segura? Estamos seguros?

Viagens a outros planetas, inteligência artificial e visões apocalípticas compõe uma parte do filme. Werner Herzog, um diretor tanto de documentários como de filmes de ficção mapeia todos os possíveis significados e significantes dessa coisa da qual parece que não podemos nos livrar e coloca uma pergunta no ar interessante: será que a internet sonha consigo mesma?


Werner Herzog




Herzog destila humor, belas cenas, humanismo e sua qualidade em aproximar um mundo aparentemente distantes. Pontuando as questões e mostrando a beleza do ser humano nesse emaranhando de conexões que é nossa vida atual — ou seria virtual?

Thiago Mendes

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Hipopótamo #12


Pegada 1 Pegada 2 Pegada 3 Pegada 4 Pegada 5 Pegada 6

Pegada 7 Pegada 8 Pegada 9 Pegada 10 Pegada 11









Diante do ocorrido.

Por via das dúvidas, contendo um coração moribundo creio que seja melhor não deixar hesitações sobre certos eventos anunciados. Eis algumas respostas:

O homem encontrado junto da minha mãe no quarto dela fazendo amor. O mesmo decrépito senhor paralisado com a chegada do caixão. Choramingando no enterro, a reconhecida careca. Alex, possivelmente meu pai o progenitor de Alberto.

Irmãos!

Confusos?

Algum tempo mais tarde, Roberto contara que Alex e Roxana sempre foram namorados no colegial.

O trio;

Roxana, a vagabunda.

Alex, o riquinho.

Rolinho, veadinho.

Mamãe descobriu estar grávida e largou a faculdade de enfermagem.

Alex, terminando administração temeu alguma atitude da sua família.

Roberto. Terminou a faculdade de enfermagem e foi casar.

O pai de Alex nesta época não gostou nada de saber que seu filho seria pai de uma moça, pobre, cursando enfermagem com uma bolsa de estudos. Ameaçou desertar o filho. Roxana ouviu impávida do seu namorado;

Aborto!

Ela não quis aceitar e com a ajuda de Roberto registrou o filho fingindo ser um casal durante todos esses anos.

Rolinho ajudou, mas necessitava desse apoio em vista de que seus pais começaram a desconfiar do excêntrico pôster no quarto dele.

--------------Lawrence da Arábia----------------

Roxana e Alex casaram e trataram de esquecer o assunto.

Contudo nestes últimos dias a paixão retomou e os dois andavam encontrando-se. Uma possível união parecia possível.

Um carro, motorista bêbado. Socorro negado. Acabaram com o sonho recheado de amor. Alex abraçando o caixão foi quase ridículo para a maior parte dos presentes, porém o amor nunca é caricato como um senhor careca suando feito uma criança. E mais, mas ele não pode ser covarde com nosso pobre coração dono da tarefa de abrigá-lo com carinho e respeito. Foi isso que deve ter sentido Alex... Nunca mais o viria, perdia meus pais.

Isabel nesse meio tempo, internada para sempre, viciada em comprimidos, louca, esquecida no canto de algum escuro quarto.

Abandonada pelos seus irmãos abastados com o todo o dinheiro doado por anos. Provavelmente ruminando sobre uma maldição nos seus últimos dias.

Outra noticia chocante a mulher com quem casei. Religiosa sem nenhum apetite sexual consistia na mesma pessoa que escrevia que gozava a todo o momento pelo computador.

Minha esposa=Sexmachine.

A vadia do outro lado da máquina.

A mulher do outro lado da porta.

Confusos?

Por que estou!

Tudo revelado numa de nossas discussões acerca do porque sim e o porquê do não.

Sim, sexo.

Não, luz.

Não, boquete.

Não, cu.

Não podíamos continuar assim, e entre lágrimas ela admitiu que apenas conseguira ter prazer com um cara da Internet que conhecera num chat.

Um tal de fast/fat.

Pode rir!

Entrara sempre as 14:03. Na sala usando o nick sexmachine, esse sujeito escrevia coisas loucas, quentes e sexuais e ela conseguia ter orgasmos múltiplos. O problema é que fazia tempo que ela não entrava e quando conseguia nunca o encontrava online.

Nem pensei em lhe contar que o fast/fat desapareceu já que anda ocupado com trabalhos da igreja, enterrar duas pessoas queridas, redescobrir a vida, por pouco deixara de ser. Dúvida acaso arrebentar o rosto de Alex ou agradecê-lo.

Razão?

Por que diabos o devir? E agora pra ridicularizar mais, uma esposa que nada queria de sexo, nada teria com essa mulher, nada nesse mar peixinho, o tubarão na verdade queria ver você morto.

20:00

Depois desses últimos e atormentados acontecimentos meus irmãos da igreja concordaram que uma viagem, respirar novos ares seria o sossego ideal. Uma comitiva de evangélicos no interior do estado. A cidade nomeada por eles pelo seguinte motivo: o lugar estar infestado de espíritas. Nossa missão sagrada será convertê-los para o senhor, mesmo que a seguir os católicos catequizassem os índios crentes em crentes de vários santos. Por ora nada chateado ao saber que as férias consistiam neste ministério, nem aborrecido pela esposa ao lado, muito menos menosprezei o veículo usado, um trem. Fiquei por sinal contente ao saber do possível hotel quatro estrelas hospedagem de deus.

Despedidas, abraços, loucura, a única pessoa que falei, foi Roberto, meu pai, no fundo meu único e verdadeiro. A última vez que o veria novamente encontrava-se sentado num bar, ponto de encontro para gays. Uma cerveja cara, olhar perdido nas paredes pintadas de amarelo cheguei. Caminhando, tentei aproximar-me para uma conversa amigável. Contudo um jovem o abraçou e pegou uma cadeira. Ele sorri e concluo a felicidade dele, não poderia atrapalhar, nunca mais.

No caminho todo revejo a transa com K tentando em vão compreender. Por que a rejeição?

Por que o hipopótamo? Um Ciclope olha discretamente para a saia que o vento trata de levantar da esposa. Não sou um perigo afinal sou gordo, eis um problema, não conseguimos impor nada nessas situações e prefiro ficar fitando a janela. Torço para Sexmachine sofrer um baque cerebral e esquecer que casou comigo.

Crianças brincando, florestas, queimadas, lixo, esgoto, liberdade, preso numa jaula, nostalgia. Sim. Penso... Prefiro um bom pastel de carne e um cochilo.

As bocas.

Bigodes espetando nossas vidas, pernas à mostra, quem quer comprar? Olhares falando algo. Estou em outro lugar. Sonhando?

Perdido, situações, saudades dos amigos. Quero descer do trem e encontrá-los. Peço: cale a boca mulher, preciso dormir.

Preciso sonhar um pouco.

16:25

Acordo com uns gritos de gol vindo da rua aberta pela janela. Andei usando tantas coisas que acabei esquecendo a Copa do Mundo ou que Roxana chorava devido à morte do seu pai. Não partiu de velhice apenas, um câncer comeu toda sua vitalidade, como a gordura comigo. Partimos para um bar próximo para o jogo das canelas. Jonas parecia um outdoor ambulante da seleção, usou as cores em todos os jogos da seleção, pena por que foram poucos, visto que uma equipe europeia arrebentou com o sonho. Catequizou os índios, roubou nossos diamantes e ouro.

Malditos europeus! Karol sussurrava no meu ouvido que a droga tava ótima.

Ótimas estão suas pernas cruzadas. O time que venceu cruzava toda hora, comentou um irritante comentarista de tv. Alberto não mostrava alegria com este esporte, preferia mãos, cestas, basquete, NBA. Americanos conquistando todo o mundo, vendendo seu modo de vida, o império do mal.

Malditos americanos!

Esporte estúpido repetia Jonas eufórico pelo gol, o mesmo que possuía um jogador sensacional sempre refletia vovô Ademais. Não era Jordan.

Não recordo o nome, muito menos do rosto do vovô. Guardando sua arma da época para uma época de revolta, sem saber que o herói do jogo estava tão ultrapassado quanto sua revolução. As rebeliões são tratadas com muitas doses de calmantes, barbitúricos, Zepam, e somos ótimos nisso. Coma seu lanche e fique feliz ao saber que milhares estarão comendo o mesmo, no mesmo instante, com o preço tabelado;

Que democracia! Milhões. Milhões de famintos!

Vou dormir mais um pouco, dor de cabeça... Adeus vovô Ademias.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

vue de la bière




O tempo desses homens há de passar...

pendular

arcaico celular

tecnológico social

gêneros descafeinados

micélios capilares

webs sexuais

tvs vaginais.

a comunhão do sagrado corpo

a saturação do futuro e passado

condensados no presente.

resistências das bocas miúdas

que ainda se refrescam em velhos manuais

o tempo desses homens há de passar...

sublime arvore dionísica

que frutifica nossos orgasmos

orgias 

festivais

a vida dançada no abismo 

esses homens 

demasiados homens

são pedras no meio do caminho

mas a correnteza há de arrebentar

e surfaremos nas incertezas.

o tempo desses homens há de passar.



terça-feira, 13 de setembro de 2016

Vogelfrei






Poème en l'honneur de Michel Maffesoli



Das batatas brotam as histórias.


Das novas tribos.


Celebrando o amor da vida.


Triunfando o corpo em movimento;


Solto;


Leve;


Livre;


Nu.


Bebemos na taça de Baco.


E já somos estrangeiros nos mapas.


Criamos comunidades.


Verdadeiros afetos;


Bacanas e satíricos.


Um eco percorre a caverna mágica.


"As novas tribos irão surgir"


Nossos grafites iluminam os atalhos.


Nossas pernas verdadeiros bardos.


Caminhos cruzados;


Meditações.


Alucinações.


Nas plantas o sorriso de Dionísio.


Um eco percorre o rio místico.


"As novas tribos irão surgir"


O tambor rufa nas praças.


Estamos dançando;


Festejando;


E gritando como loucos;


E quem tem pernas há de escutar:


"As novas tribos irão surgir"



sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Sonhando com elas




“Vou me libertarDo tempo dos homensSó vou te encontrarEnquanto eles dormem.”

Boogarins — Tempo






Não assisti ao recente jogo das meninas do futebol brasileiro nessas Olimpíadas e posso admitir que sequer tenho visto alguma coisa dessa competição. Contudo lá estávamos.

A tela. A bola.

Sono. Tonto . Sonho.

Sonhei que elas ganhavam o ouro e os homens uma lição.

Essa medalha iluminava a luta delas.

Feministas, mulheres, Elas;

Dentro de um esporte decididamente machista.

que zomba sempre quando pode das árbitras;

das bandeirinhas;

Recordam das Martas apenas quando elas fazem gol;

Ganham prêmios;

As mulheres já despertaram;

Espero que haja tempo para os homens.





Thiago Mendes

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Peregrino




“Essas pessoas — assim como o resto de nós — devem estar conscientes
de que, enquanto durar a peregrinação, as condições de viagem
tenderão a permanecer muto semelhantes às atuais: caracterizadas
pela incurável fragilidade das posições sociais e fontes de
subsistência, pela sensibilidade irritadiça dos vínculos inter-humanos,
pela mutabilidade camaleônica dos valores ambicionados e dos assuntos
recomendados pela opinião pública como dignos de atenção e esforço.
Como se tudo em volta conspirasse para tornar difícil e desconcertante
a vida dos devotados peregrinos, e para puni-los por sua
obstinação e lealdade à decisão um dia tomada.”

Arte da Vida — Zygmunt Bauman

https://morguefile.com/search/morguefile/5/road/pop


Às vezes nos sentimos conectados ao mundo.
Um sentimento de verdade. 
nada de razão, 
mas sentimentos.
Fitando às arvores e as pessoas.
Passeando numa avenida,
quase iluminada!
Sublime experiência da vida;
que te sopra como um vento de mudança.
As coincidências. 
Os encaixes.
As risadas.
As vezes somos como peregrinos largados nesse campo de batalha.
Divididos entre a alegria do ser
e a tristeza do perecer.
Despojos famintos fantasmas pesadelos.
O estranhamento daquele olhar pela janela.




E ainda assim. “Às vezes” Caminhamos. Despertos por minutos em busca de nossa pérola.


Thiago Mendes

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

"Paratodos"







Em clima de Olimpíadas e Paraolimpíadas o cineclube Cine Nikiti exibe neste mês de agosto o documentário “Paratodos”, de Marcelo Mesquita. Ele será apresentado no dia 17 de agosto, quarta-feira, às 19h, no Solar do Jambeiro, com entrada gratuita.



“Paratodos” mergulha no cotidiano de alguns dos principais atletas paralímpicos brasileiros. A trajetória, a vida e os desafios de alguns atletas paralímpicos, que fazem parte das delegações brasileiras de natação, atletismo, canoagem e futebol, em fase de preparação para os Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.



O NPD concederá certificado de horas de atividade complementar para os estudantes que comparecerem ao evento.



Cine Nikiti é um cineclube resultado da parceria do Núcleo de Produção Digital de Niterói (NPD)/Subsecretaria de Ciência e Tecnologia com a Niterói Filmes e o Solar do Jambeiro.


 Site oficial do filme


 Trailer do filme


 Pagina do evento no Facebook


 Cine Nikiti no Facebook



O Solar do Jambeiro fica na Rua Presidente Domiciano, 195, Ingá, Niterói. Telefone: 2109-2222.

sábado, 6 de agosto de 2016

placebos #1









Esse Rafael Portugal é muito engraçado mesmo sempre que vejo esse episodio tenho em mente uma cena do filme Laranja Mecânica quando Alex volta para casa depois do tratamento e descobre que tem uma pessoa morando com seus pais.








Simplesmente a nova onda entre idas e vindas é esse tal de Pokemon sinceramente eu prefiro esse:






Thiago Mendes

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Mulheres




Um pouco de som de mulheres belas mas nem por isso recatadas e do lar. Talvez bacantes, selváticas e mulheres do fim do mundo.






"Quebrei a cara e me livrei do resto dessa vida Na avenida dura até o fim
Mulher do fim do mundo Eu sou e vou até o fim cantar"

Se ela é a mulher do fim do mundo ela vai cantar enquanto puder até o fim do mundo foda se a vida até o fim do mundo. Nada melhor do que isso na voz de Elza.






"Mulher, tua apatia te mata 
Não queria de graça
O que nem você dá pra você, mulher
Hoje eu não quero falar de beleza
Eu sou um monstro"


A selvática Karina Buhr lembra para as mulheres que elas são mais do que apenas objeto e sim sujeito que não precisa se sujeitar. Elas podem ser tudo até selváticas e monstros...




"Mate você  

Mesmo

Coma do seu morto 

 Desalinhe o corpo 

 Fique louco

Tome espaço do Estado, da polícia, da NSA

Da mulher maravilha 

 E meta um grelo na geopolítica"

Ava metendo um grelo na geopolítica no corpo no estado na polícia. Mate você mesmo , mude , se reinvente.




Thiago Mendes


segunda-feira, 18 de abril de 2016

Di Melo – O Imorrível



A vida em seus métodos diz calma
Vai com calma, você vai chegar
Se existe desespero é contra a calma, é
E sem ter calma nada você vai encontrar 

                                                                   A Vida Em Seus Métodos Diz Calma - Di Melo 



Certa vez vendo um documentário sobre Jazz um dos críticos afirmou que Duke Ellington tinha suingue como artista musical. Bem na primeira vez que escutei o CD do Di Melo eu compreendi realmente o que isso significava. Na minha frente estava uma obra musical com suingue e muito mais.





Ah, ele que dizia que queria morrer doce, Quando o mundo acabasse em mel

Mel

Ah, ele que dizia que queria morrer doce, Quando o mundo acabasse em mel
Mel, mel, mel, mel

                                                                     Se o Mundo Acabasse em Mel - Di Melo 



O CD homônimo de Di Melo foi lançado no meado de 1975 mas de lá até hoje temos uma obra atual, vibrante e cheia de energia. Funk, MPB e até pitadas de tango e mantra. Bem como eu afirmei acima o cara tem muito suingue.


O joão que se mata vivendo de amor Pedindo uma esmola, fazendo favor Que vende uma escada e compra uma esteira E deita na praia e na companheira Mas que se arrepende no dia seguinte Perante os amigos na mesa de uma bar E é tão conhecido esse tipo de gente

                                                                          João - Di Melo 






Escutando esse som a pergunta que não quer calar é o cara tá vivo? Morreu ? Sumiu ?

Em 2009 foi feito um documentário sobre Di Melo intitulado O Imorrível e nele temos um Di Melo mais velho mas nem por isso irônico, criativo e afinal vivo.




Se a coisa toda já estava doce como mel agora Di Melo lança novo CD na praça após 40 anos ele reaparece. Podemos esperar tudo desse grande artista o que não podemos é deixar de escutá-lo.





Aproveitem escutem se divirtam 



Thiago Mendes

quarta-feira, 13 de abril de 2016

A Nação que não esperou por Deus





O cineclube Cine Nikiti exibe neste mês o documentário “A Nação Que Não Esperou Por Deus”, de Lucia Murat e Rodrigo Hinrichsen, em comemoração ao Dia do Índio (19 de abril). Ele será apresentado no dia 20 de abril, quarta-feira, às 19h, no Solar do Jambeiro, com entrada gratuita.


Antes de “A Nação Que Não Esperou Por Deus”, será exibido o curta-metragem “Choro da Terra”, de Alberto Alvares. Após a sessão haverá debate sobre a questão indígena com o Prof. Dr. Paulo de Tássio*, da Faculdade de Educação da UERJ, e o cineasta guarani Miguel Vera Mirim.


O NPD concederá certificado de horas de atividade complementar para os estudantes que comparecerem ao evento.


O Solar do Jambeiro fica na Rua Presidente Domiciano, 195, Ingá, Niterói. Telefone: 2109-2222.

domingo, 20 de março de 2016

Beat XIII




Vamos aplaudir:

Aos sinistros momentos cínicos que tomam conta de nossa sociedade;

Aos dramas encenados pelos papéis avulsos desse teatro;

A politicagem reduzida que se tornou nossas vidas;

Aplaudir aos heróis de nosso dia a dia.

Hero que cuidou dos gatos alemães;

Hero que foi o mais rápido nas trocas de cama dos Hostels e por isso mesmo a deusa sempre lhe brindava com baseados mágicos;

Hero que fez inimigos em Málaga graças a fotos impensáveis e insensíveis com nossos amores;

Hero que sentiu o ar em Amsterdã e foi quem melhor definiu essa terra ao combinar maconha, prostitutas e batatas fritas.

Gonzola que nunca se esquece de um poema e que entende do teatro melhor do que todos;

Sardinha que espremida entre meninas e trabalhos ainda consegue viver e sorrir;

A K e seus poemas fragmentados que preenchem cadernos.

Mandy que pula, salta, corre, prepara seus pratos espetaculares e ainda canta Di Melo;

A todos que ainda desejam quebrar o ovo e ver Abraxas despertar;

Bater palmas;

Aos índios invisíveis que aguardam ansiosamente seu lugar nos livros de historia, pois só resta isso para eles.

As mulheres que ainda são vistas como objetos de posse, de prazer, de escárnio, de procriação;

A nossa capacidade de tudo dividir sem quase nunca rir;

Aos deuses mendigos que se abrigam nas noites escrevendo livros que ninguém lerá enquanto são presas fáceis para as baratas e a violência;

Não comeremos mais pizzas e sim lama;

Tudo termina em lama;

Os xamãs profetizaram esta noite;

“Uatu Nek morreu”

“Uatu Nek morreu”

“Uatu Nek morreu”



Imagem: Foto

Autor: Thiago Mendes

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Vida Off





Acordo cedo para ir ao trabalho.
Pego o ônibus lotado mas incrivelmente quieto.
Pessoas com fones de ouvido.
Sentadas nos bancos sozinhas.
Curvadas em algo.
Um comichão me incomoda.
A vista parece não ser como antes.





No trabalho esforço duro.
Colegas, papéis e chefias.
Amanhã e dia de pagamento.
No refeitório as bocas se cruzam com garfos e facas.
Ainda assim um silêncio percorre as mesas.
Uma náusea me incomoda.
E as pessoas continuam conectadas vidradas.
Com olhares perdidos numa nova história.

Desço da condução. 
A noite preenche as ruas e avenidas.
As lâmpadas acesas iluminam os transeuntes.
E tenho certeza que esqueci de alguma coisa.




Chego em casa cansado.
Mais um dia de labuta.
Depois de banho quarto.
E eis que o vejo amargo.
Berrando como um bebê querendo mama.
Tomada.
Oh Moloch deus das curtidas.
Moloch deus dos zaps.
Moloch dos selfies.
Esquecido num canto escuro ele balbucia sua condenação.
Perdi amigos perdi contatos perdeu o dia.
Menos um dia da minha vida.

Amanhã não posso abandonar meu celular.



Imagens: Morgue File

Vídeo: Trecho do filme Howl com James Franco onde se debruça sobre a vida do grande poeta Beat americano Allen Ginsberg. E sobre seu livro poema Uivo. Recomendo á todos.


Thiago Mendes.






sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Madrugada

William Burroughs com David Bowie



Mais um litro de cachaça.
Eu corro.
Eu faço.
Despacho. Desculpo-me.
Inclino-me.
Consagro-me.
Acho-me.
Mais um litro de pinga.
Eu corro.
Desfaço.
Desfaço-me.
Em puro aço.
Mais um litro de vinho.
Vermute Veneno.
Adubo.
Mudo.
Maduro.
Aturo um porre.
Esporro.
Espirro.
Mais um litro.
Mais um pingo.
de vida. 




Plaz Mendes

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Zumbis







Os zumbis caminham por ai

Com sua anti-mental programação:

Não seja feliz.

Procuro manter a distância;

Usando máscaras de gases

Para não ser infectado.

O universo deles é muito mistificado

Medo e trabalho.

Mantenho distância.

Não quero ser um zumbi.

E perder o poder da vida.

Eles não têm imaginação.

E buscam unicamente

Vencer uns sobre os outros.

O universo deles é uma guerra.

Uso máscaras.

Mantenho distância.

Alguns loucos caminham sem proteção.

Perderam a noção

De como é ruim perder a vida.

Às vezes somos testados

E amigos e parentes se tornam a questão

O coração aperta

Pedindo perdão para todos.

E resistindo mantenho distância.

Para não sofrer de antemão

Procuro em cada irmão

A salvação.

Sempre com fé e imaginação.

Fazendo companheiros de viagem.

Em cada estação.



A arte nos salva da solidão.


Plaz Mendes

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Ashes to Ashes






Antes da primeira dose o mundo é um lugar cinza.
Acinzentado como as crianças escravas que trabalham em carvoeiros. 
Acidentado como os idosos encravados em suas macas.
Depois da primeira dose o corpo gira como um caleidoscópio
Em ousadas direções.
Desejadas intenções. 
Embora estejamos numa cidade tropical.
Quente e congestionada.
Durante as últimas doses nos retiramos do planeta.
Alienados;
Esquecidos;
Entorpecidos;
Depois da última dose a vida é apenas uma lembrança velha.
Sépia; 
De algum parque de diversão.
Palhaços cansados e borrados.
Risos e lágrimas se misturam.
Rios e lagos são poluídos.
Uma criança no televisor chora. 
E implora.
Que tudo queime, queime & queime.
Sobrando apenas cinzas.




Thiago Mendes

Imagem : Morgue File


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Aranhas estranhas na W38







Reproduzindo tudo em pequenas telas.
Acessando a vida nos intervalos comerciais.
Produzindo receios e anseios.
Todos reduzidos a pequenos comprimidos.


Gastando pequenas doses da vida.
Na esperança de uma jornada espacial.
Ser reconhecido no meio audiovisual. 
Conhecido como caminho final.


No meio do caminho.
Escândalos & processos.
Promessas & escaladas.
Loterias privadas.
Privadas.


Aranhas estranhas na web.
Arrancando pequenos tufos.
Tubos. 
Buracos.
Cheios de óleo preto. 
Cheios de açúcar branco.
Recheados.
Prontos para um novo abate.
Cordeiro televisado.


Trapaceando com o diabo.
Enganando egos superlativos.
Superafetados.
Refeitos em dejetos. 
Colados.
Artisticamente renovados.
E tabelados a preços variados.


Eternidade. 
No horizonte novas ameaças.
Eternidade.
Na fonte novas doenças.
Eternidade.
Num clique num tique num pique. 
A eternidade de um dia preso em teias finas.
Invisíveis.
E eternas.


Eternidade no impulso eletromagnético.
Descartando corpos com uma rapidez indigesta.
Ingerindo plásticos coloridos.
Colorindo as telas com cores abstratas.
Abstraindo o gosto da vida em castigos aromatizados.


Estrelas modernas que não piscam nas cenas.
E sim sugam como buracos negros toda luz natural.
Indefinidas como equações absurdas do segundo grau.
Gradativamente vem tomando conta dos nossos controles.


Controle de fuga.
Descontrole físico.
Drogas ilícitas. 
Remédios lícitos. 
Presos em teias de aranhas.
Loucuras revolucionárias.
Líquidos conservadores.
Deuses verdes.
Dinheiros sujos.
Ilusões de w3binários.


Reproduzido em grande escala.
Acessado em cada canto de sua casa.
Produz desejos e medos.
Tudo reduzido a pequenas aranhas. 
Com suas teias invisíveis. 
A nos prender como moscas tolas.
E mortas.
Comprimidas.
Nos pequenos momentos da vida.




Plaz Mendes