terça-feira, 23 de maio de 2017

Pessoas

Pixabay


“Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão, continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um.” 
Fernando Pessoa.


Pessoas extirpando porcos na madrugada dos cinemas de segunda-feira.

Meia-entrada, filas de pipocas.

Pessoas que catam latinhas.
Pessoas que vendem latinhas.
Pessoas que bebem latinhas.
Pessoas que catam latinhas.

Pessoas.

Latrinas de esgotos quase rios.
Rimos dos poucos peixes chorando suas águas sujas.

Colégios que parecem prisões.
Prisões que parecem infernos.
Infernos que são diários.

Pessoas espancando Dandaras.
Pessoas espreitando cansadas.
Pessoas pernas parecidas avenidas.
Sinais e placas.

Parem pessoas!

Pessoas como nós.
Tão sós.

Nesse mundão de pessoas.




Thiago Mendes

sábado, 13 de maio de 2017

Vivo ou Morto


Pixabay




Despertador.

Despertando para uma nova ordem, e eis que damos de cara com muros escondidos nas nossas mentes alienadas. Estamos prontos para cheirar nossas vidas e fazermos papel de palhaço para eles.

Desperdiçando a magia dos abraços e atos amigos, trocando tudo por mercadoria em sessenta vezes pagas com enormes juros acréscimo por ano, perda de um dente incluso no ônus.

Acreditamos nas vozes e no Vox Populis das máquinas coloridas estacionadas em nossos quartos. Um quarto de nossas vidas perdidas entre ligar e desligar.

Entrar e sair.

In out.

Comer e dormir.

Beber e fumar.

Amar e odiar.

Vivo ou morto.

Ressurgindo como heróis maltrapilhos e encardidos de sangue de inocentes ou ideologias contraditórias guardadas nos museus da história vencidos e vencedores.

Heróis e bandidos.

Glória e tristeza.

Honra e vergonha.

Amar e odiar.

Vivo ou morto.

Maniqueísmo e maquinário da repetição das máquinas pulsando sangue sujo açúcar sal pó poeira das ruas abatidas como pombos abatidos para alimentar os pobres famintos.

Por comida.

Por sexo.

Por drogas.

Por vida ou morte.

Cresci e agora posso vestir minha roupa, e sair por aí dando tiro ou mijo ou exijo ou respiro pior por um cigarro melhor, esqueço, estudo, escuto, repito, cresço um pouco mais e um pouco menos de vida, diplomo e procuro emprego nas ruas e sites especializados em nos deixar cansados de tanto tentar e de tanto ouvir:

Não há vagas.

Não há estágio.

Não há vagas.

Vivo ou morto.

Murro os muros e rezo nos bancos por um dinheirinho e um pouquinho só, Deus solta o verbo e desconta meu salário em zeros e esmurro deus mendigo clamando uma esmola e chorando por Jesus no sinal de trânsito brincando com suas cruzes e trapézios.

Vivo ou Morto.

Tumblr

Thiago Mendes