domingo, 22 de novembro de 2015

Diário de Bordô do Plaz # 4






Não deve ter sido pelas cervejas.

Nem pelas batatas fritas.

Acordei tarde demais para a prova do Enade.

Corri.

Saltei para dentro do ônibus feito de ferro.

Retorcido no calor abrasivo.

Um copo de cerveja, por favor!

Na praça pela janela o culto caminha.

Com canelas cobertas o culto canta.

No meio do caminho desespero.

Uma imagem.

Santa, católica, procissão...

Tráfego.

Talvez.

Trânsito.

Com os braços abertos a estátua sorri.

Eu desesperado aceno meus braços.

Compreendo a mensagem sarcástica divina.

Um copo de cerveja, por favor!

O relógio encurta cada passo.

Enquadra cada pedaço do dia.

Sorrio estou sendo filmado.







Chego aos portões da decepção – tirei essa do ótimo livro de Martins Amis (Campos de Londres) valeu pela dica K – e noto que nada mais pode ser feito.

Apenas flanelas brigando por cada espaço quadrado.

Lágrimas.

Sorrio e acabo tendo um treco.

Explodo.

Pressão alta.

Direto para um hospital.

Atestado funcional.

Sorrio.





Saio do hospital diazepado.

E revendo meus diários concluo que ando ficcionando demais.

Preciso rever meus apontamentos.

Preciso baixar minha pressão.

Preciso de um copo de cerveja, por favor!


Imagens : Morgue File



Plaz Mendes

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Gonzalo Martinez # 5


As outras partes de Gonzalo: Aqui






Ao que tudo indica o grande problema da cidade era o Prefeito.


Ao que tudo indica o grande problema do povoado era a cobiça de uma empresa estrangeira.


Ao que tudo indica todos eles queriam a cabeça de Gonzalo Martinez.


O Prefeito da cidade acertara há alguns anos vender as terras indígenas, ricas em certos minerais para uma Corporação Transnacional. Contava que o General atraído por um montante de grana que daria férias eternas iria interceder a seu favor perante o povo. Contudo se enganou.




Gonzalo Martinez botou o Prefeito e seus seguranças aos pontapés para fora e os ameaçou caso voltassem com essas ideias. Ao saber dessa confusão a Corporação Transnacional adotou uma postura simples: matar Gonzalo. 

O Prefeito suando, atônito, meio bêbado, entre goles de tequila suspirou: Isso é a coisa mais difícil do mundo!



Aviso: Os personagens e a história em si são uma obra de ficção e qualquer coincidência é mero acaso. A realidade continua sendo bem mais crua.


Imagens: Morgue File


Thiago Mendes

sábado, 14 de novembro de 2015

Marianas


"A Terra não está morrendo, ela está sendo assassinada. E as pessoas que estão a matando têm nomes e endereços." - Utah Phillips






Douglas Magno/AFP





Barragens sendo rompidas.
Vidas perdidas.
Uma onda de decepção.
Um frenesi de emoção.
Uma ferida aberta que pulsa lama
Lama
Lama
Marianas
Devastadas.
Inférteis.
Minerais caros & empresas tóxicas.
Minas recheadas de sangue.
Indenizações?


Quanto vale uma vida?



Thiago Mendes