sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Hipopótamo #12


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Diante do ocorrido.

Por via das dúvidas, contendo um coração moribundo creio que seja melhor não deixar hesitações sobre certos eventos anunciados. Eis algumas respostas:

O homem encontrado junto da minha mãe no quarto dela fazendo amor. O mesmo decrépito senhor paralisado com a chegada do caixão. Choramingando no enterro, a reconhecida careca. Alex, possivelmente meu pai o progenitor de Alberto.

Irmãos!

Confusos?

Algum tempo mais tarde, Roberto contara que Alex e Roxana sempre foram namorados no colegial.

O trio;

Roxana, a vagabunda.

Alex, o riquinho.

Rolinho, veadinho.

Mamãe descobriu estar grávida e largou a faculdade de enfermagem.

Alex, terminando administração temeu alguma atitude da sua família.

Roberto. Terminou a faculdade de enfermagem e foi casar.

O pai de Alex nesta época não gostou nada de saber que seu filho seria pai de uma moça, pobre, cursando enfermagem com uma bolsa de estudos. Ameaçou desertar o filho. Roxana ouviu impávida do seu namorado;

Aborto!

Ela não quis aceitar e com a ajuda de Roberto registrou o filho fingindo ser um casal durante todos esses anos.

Rolinho ajudou, mas necessitava desse apoio em vista de que seus pais começaram a desconfiar do excêntrico pôster no quarto dele.

--------------Lawrence da Arábia----------------

Roxana e Alex casaram e trataram de esquecer o assunto.

Contudo nestes últimos dias a paixão retomou e os dois andavam encontrando-se. Uma possível união parecia possível.

Um carro, motorista bêbado. Socorro negado. Acabaram com o sonho recheado de amor. Alex abraçando o caixão foi quase ridículo para a maior parte dos presentes, porém o amor nunca é caricato como um senhor careca suando feito uma criança. E mais, mas ele não pode ser covarde com nosso pobre coração dono da tarefa de abrigá-lo com carinho e respeito. Foi isso que deve ter sentido Alex... Nunca mais o viria, perdia meus pais.

Isabel nesse meio tempo, internada para sempre, viciada em comprimidos, louca, esquecida no canto de algum escuro quarto.

Abandonada pelos seus irmãos abastados com o todo o dinheiro doado por anos. Provavelmente ruminando sobre uma maldição nos seus últimos dias.

Outra noticia chocante a mulher com quem casei. Religiosa sem nenhum apetite sexual consistia na mesma pessoa que escrevia que gozava a todo o momento pelo computador.

Minha esposa=Sexmachine.

A vadia do outro lado da máquina.

A mulher do outro lado da porta.

Confusos?

Por que estou!

Tudo revelado numa de nossas discussões acerca do porque sim e o porquê do não.

Sim, sexo.

Não, luz.

Não, boquete.

Não, cu.

Não podíamos continuar assim, e entre lágrimas ela admitiu que apenas conseguira ter prazer com um cara da Internet que conhecera num chat.

Um tal de fast/fat.

Pode rir!

Entrara sempre as 14:03. Na sala usando o nick sexmachine, esse sujeito escrevia coisas loucas, quentes e sexuais e ela conseguia ter orgasmos múltiplos. O problema é que fazia tempo que ela não entrava e quando conseguia nunca o encontrava online.

Nem pensei em lhe contar que o fast/fat desapareceu já que anda ocupado com trabalhos da igreja, enterrar duas pessoas queridas, redescobrir a vida, por pouco deixara de ser. Dúvida acaso arrebentar o rosto de Alex ou agradecê-lo.

Razão?

Por que diabos o devir? E agora pra ridicularizar mais, uma esposa que nada queria de sexo, nada teria com essa mulher, nada nesse mar peixinho, o tubarão na verdade queria ver você morto.

20:00

Depois desses últimos e atormentados acontecimentos meus irmãos da igreja concordaram que uma viagem, respirar novos ares seria o sossego ideal. Uma comitiva de evangélicos no interior do estado. A cidade nomeada por eles pelo seguinte motivo: o lugar estar infestado de espíritas. Nossa missão sagrada será convertê-los para o senhor, mesmo que a seguir os católicos catequizassem os índios crentes em crentes de vários santos. Por ora nada chateado ao saber que as férias consistiam neste ministério, nem aborrecido pela esposa ao lado, muito menos menosprezei o veículo usado, um trem. Fiquei por sinal contente ao saber do possível hotel quatro estrelas hospedagem de deus.

Despedidas, abraços, loucura, a única pessoa que falei, foi Roberto, meu pai, no fundo meu único e verdadeiro. A última vez que o veria novamente encontrava-se sentado num bar, ponto de encontro para gays. Uma cerveja cara, olhar perdido nas paredes pintadas de amarelo cheguei. Caminhando, tentei aproximar-me para uma conversa amigável. Contudo um jovem o abraçou e pegou uma cadeira. Ele sorri e concluo a felicidade dele, não poderia atrapalhar, nunca mais.

No caminho todo revejo a transa com K tentando em vão compreender. Por que a rejeição?

Por que o hipopótamo? Um Ciclope olha discretamente para a saia que o vento trata de levantar da esposa. Não sou um perigo afinal sou gordo, eis um problema, não conseguimos impor nada nessas situações e prefiro ficar fitando a janela. Torço para Sexmachine sofrer um baque cerebral e esquecer que casou comigo.

Crianças brincando, florestas, queimadas, lixo, esgoto, liberdade, preso numa jaula, nostalgia. Sim. Penso... Prefiro um bom pastel de carne e um cochilo.

As bocas.

Bigodes espetando nossas vidas, pernas à mostra, quem quer comprar? Olhares falando algo. Estou em outro lugar. Sonhando?

Perdido, situações, saudades dos amigos. Quero descer do trem e encontrá-los. Peço: cale a boca mulher, preciso dormir.

Preciso sonhar um pouco.

16:25

Acordo com uns gritos de gol vindo da rua aberta pela janela. Andei usando tantas coisas que acabei esquecendo a Copa do Mundo ou que Roxana chorava devido à morte do seu pai. Não partiu de velhice apenas, um câncer comeu toda sua vitalidade, como a gordura comigo. Partimos para um bar próximo para o jogo das canelas. Jonas parecia um outdoor ambulante da seleção, usou as cores em todos os jogos da seleção, pena por que foram poucos, visto que uma equipe europeia arrebentou com o sonho. Catequizou os índios, roubou nossos diamantes e ouro.

Malditos europeus! Karol sussurrava no meu ouvido que a droga tava ótima.

Ótimas estão suas pernas cruzadas. O time que venceu cruzava toda hora, comentou um irritante comentarista de tv. Alberto não mostrava alegria com este esporte, preferia mãos, cestas, basquete, NBA. Americanos conquistando todo o mundo, vendendo seu modo de vida, o império do mal.

Malditos americanos!

Esporte estúpido repetia Jonas eufórico pelo gol, o mesmo que possuía um jogador sensacional sempre refletia vovô Ademais. Não era Jordan.

Não recordo o nome, muito menos do rosto do vovô. Guardando sua arma da época para uma época de revolta, sem saber que o herói do jogo estava tão ultrapassado quanto sua revolução. As rebeliões são tratadas com muitas doses de calmantes, barbitúricos, Zepam, e somos ótimos nisso. Coma seu lanche e fique feliz ao saber que milhares estarão comendo o mesmo, no mesmo instante, com o preço tabelado;

Que democracia! Milhões. Milhões de famintos!

Vou dormir mais um pouco, dor de cabeça... Adeus vovô Ademias.

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