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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Hipopótamo #13


As outras pegadas você encontra aqui









05:49



Não pensem que diante de luzes, musicas repetidas, gente bonita, big brother, panis et circense, cores, paz e muito sexo. A felicidade reduzida a doces, balas, o êxtase do prazer, o ecstasy da vida. Sim, caros amigos. Também passei pelas pílulas coloridas detentoras da verdade, marcas, nike, volks, super, smile...Estilo nunca faltou aos jovens. Se acaso com desdém aparento é por razão típica.

Um jovem do meu porte, patrocínio da libido e das batatas gordurosas. Ficar horas batendo o pé sempre pareceu montanha-russa.

Odeio esse brinquedo.

Não nego por virtude que durante a curta participação nesse meio, exatamente duas festas.

A festa da paz e amor;

Que acabou com a polícia invadindo o local, uma fazenda distante o bastante para enforcar alguém. Contudo o problema não vinha da KKK, mas sim de uma jovem intoxicada sendo estuprada por três moleques, e alguns casais trepando numa piscina. Na qual fiquei dançando meia hora até notar que o pessoal sumiu e que estava completamente molhado, mas sem nenhuma vadia chupando-me. Encontrei uns seguranças poucos profissionais, com a mesma idade. Jovens que pagavam sua faculdade ou vícios através da porrada em outros jovens, pequenos furtos, tudo em nome da ordem. Ofereceram-me um pouco de erva, aceitei, em seguida apaguei. Ao acordar noto a falta da carteira.

Alegria eletrônica;

Encontrava-me sozinho e dopado, como sempre!

Bicicletas, especiais, placebos?

Apesar do movimento constante das luzes, do pirulito na boca, passei a maior parte do tempo vomitando nos cantos ou nos sugestivos banheiros públicos. Sem esquecer o "eu te amo" como se fosse bom dia vindo de qualquer desconhecido como hippies do futuro, alguns pareciam vindos do passado mesmo. Assim terminaria minha presença na nova boate do século moderno. Lembrei da Sound e sua heroína, da Bunker e sua tequila. Tudo bem a turma não gostava desse meio artificial, mesmo que no fundo apenas sejam os loucos espelhos refletindo a nós mesmo. A nossa geração consumista. Que seja nunca gostei dos hippies, talvez das suas drogas!



02:27



Diante de um livro onde a personagem principal está cheio de obsessões não resolvidas por drogas, terapeuta, grupo, choques. Aceita o desafio improvável de ir para a Índia meditar num templo que oferece como comercial acabar com todos seus problemas, ao menos os piores.

Meditação?

Será que necessito disto para esquecer K da minha cabeça e da cueca?

Afinal por que aquilo naquela noite, visto que houve outras em que estávamos sozinhos e chapados.

Penso nisso enquanto aperto um baseado e noto surpreendentemente a falta de tranquilidade, ansiedade que me encontro.

Nunca a meditar algo.

O todo da sua beleza.

AMPHTA, ON, RA.

Shala goooooo, sei lá.

Meditação na concepção é apenas alcançada com uma boa masturbação e olha que o banheiro tem bastantes lutas num dia, e tenho dito.

Uma frase ecoa na cabeça;

Platão já dizia o amor está em quem ama e não em quem é amado.



16:08



Desperto no meio de um suposto vazio campo. Suponho ver amigos e areia entre um piscar e outro dos olhos.

_ Se acaso tudo gira, em que circulo estamos hipopótamo?

Ele sorri dando voltas e levantando muita poeira das estrelas. As bocas dos conhecidos reclamam do fim do mundo anunciado pelo mapa astral, ou pelo limite encontrado dele, deixe com Deus os números na cabeça cansam demais.

"Não fomos criados para sermos máquinas de calcular."

Aceita sua vida?

_ Devo aceitá-la, fitando o animal?

Sim, ab aeterno.

"Não somos cálculos renais"

_ Tu não acha que anda lendo Niet demais? Quer ser meu Zaratustra?

E subo no seu colo.

"Os animais são seres ou propriedades?"

_Vai levar-me para ver o passado, presente e futuro como Brás?

Não tolo, tu és muito pesado, levo-o ao presente!

"Somos animais ou máquinas?"

Acordo no trem em meio a gemidos de Sexmachine com um provável sonho erótico. Um barulho, apito, anuncia a chegada do destino.

Será o fim ou o começo?

Não consigo escutar o hipo que livre corre na paisagem.

Não é uma propriedade!

Não é uma máquina!

Quer ser livre!

Malditas janelas!






sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Hipopótamo #12


Pegada 1 Pegada 2 Pegada 3 Pegada 4 Pegada 5 Pegada 6

Pegada 7 Pegada 8 Pegada 9 Pegada 10 Pegada 11









Diante do ocorrido.

Por via das dúvidas, contendo um coração moribundo creio que seja melhor não deixar hesitações sobre certos eventos anunciados. Eis algumas respostas:

O homem encontrado junto da minha mãe no quarto dela fazendo amor. O mesmo decrépito senhor paralisado com a chegada do caixão. Choramingando no enterro, a reconhecida careca. Alex, possivelmente meu pai o progenitor de Alberto.

Irmãos!

Confusos?

Algum tempo mais tarde, Roberto contara que Alex e Roxana sempre foram namorados no colegial.

O trio;

Roxana, a vagabunda.

Alex, o riquinho.

Rolinho, veadinho.

Mamãe descobriu estar grávida e largou a faculdade de enfermagem.

Alex, terminando administração temeu alguma atitude da sua família.

Roberto. Terminou a faculdade de enfermagem e foi casar.

O pai de Alex nesta época não gostou nada de saber que seu filho seria pai de uma moça, pobre, cursando enfermagem com uma bolsa de estudos. Ameaçou desertar o filho. Roxana ouviu impávida do seu namorado;

Aborto!

Ela não quis aceitar e com a ajuda de Roberto registrou o filho fingindo ser um casal durante todos esses anos.

Rolinho ajudou, mas necessitava desse apoio em vista de que seus pais começaram a desconfiar do excêntrico pôster no quarto dele.

--------------Lawrence da Arábia----------------

Roxana e Alex casaram e trataram de esquecer o assunto.

Contudo nestes últimos dias a paixão retomou e os dois andavam encontrando-se. Uma possível união parecia possível.

Um carro, motorista bêbado. Socorro negado. Acabaram com o sonho recheado de amor. Alex abraçando o caixão foi quase ridículo para a maior parte dos presentes, porém o amor nunca é caricato como um senhor careca suando feito uma criança. E mais, mas ele não pode ser covarde com nosso pobre coração dono da tarefa de abrigá-lo com carinho e respeito. Foi isso que deve ter sentido Alex... Nunca mais o viria, perdia meus pais.

Isabel nesse meio tempo, internada para sempre, viciada em comprimidos, louca, esquecida no canto de algum escuro quarto.

Abandonada pelos seus irmãos abastados com o todo o dinheiro doado por anos. Provavelmente ruminando sobre uma maldição nos seus últimos dias.

Outra noticia chocante a mulher com quem casei. Religiosa sem nenhum apetite sexual consistia na mesma pessoa que escrevia que gozava a todo o momento pelo computador.

Minha esposa=Sexmachine.

A vadia do outro lado da máquina.

A mulher do outro lado da porta.

Confusos?

Por que estou!

Tudo revelado numa de nossas discussões acerca do porque sim e o porquê do não.

Sim, sexo.

Não, luz.

Não, boquete.

Não, cu.

Não podíamos continuar assim, e entre lágrimas ela admitiu que apenas conseguira ter prazer com um cara da Internet que conhecera num chat.

Um tal de fast/fat.

Pode rir!

Entrara sempre as 14:03. Na sala usando o nick sexmachine, esse sujeito escrevia coisas loucas, quentes e sexuais e ela conseguia ter orgasmos múltiplos. O problema é que fazia tempo que ela não entrava e quando conseguia nunca o encontrava online.

Nem pensei em lhe contar que o fast/fat desapareceu já que anda ocupado com trabalhos da igreja, enterrar duas pessoas queridas, redescobrir a vida, por pouco deixara de ser. Dúvida acaso arrebentar o rosto de Alex ou agradecê-lo.

Razão?

Por que diabos o devir? E agora pra ridicularizar mais, uma esposa que nada queria de sexo, nada teria com essa mulher, nada nesse mar peixinho, o tubarão na verdade queria ver você morto.

20:00

Depois desses últimos e atormentados acontecimentos meus irmãos da igreja concordaram que uma viagem, respirar novos ares seria o sossego ideal. Uma comitiva de evangélicos no interior do estado. A cidade nomeada por eles pelo seguinte motivo: o lugar estar infestado de espíritas. Nossa missão sagrada será convertê-los para o senhor, mesmo que a seguir os católicos catequizassem os índios crentes em crentes de vários santos. Por ora nada chateado ao saber que as férias consistiam neste ministério, nem aborrecido pela esposa ao lado, muito menos menosprezei o veículo usado, um trem. Fiquei por sinal contente ao saber do possível hotel quatro estrelas hospedagem de deus.

Despedidas, abraços, loucura, a única pessoa que falei, foi Roberto, meu pai, no fundo meu único e verdadeiro. A última vez que o veria novamente encontrava-se sentado num bar, ponto de encontro para gays. Uma cerveja cara, olhar perdido nas paredes pintadas de amarelo cheguei. Caminhando, tentei aproximar-me para uma conversa amigável. Contudo um jovem o abraçou e pegou uma cadeira. Ele sorri e concluo a felicidade dele, não poderia atrapalhar, nunca mais.

No caminho todo revejo a transa com K tentando em vão compreender. Por que a rejeição?

Por que o hipopótamo? Um Ciclope olha discretamente para a saia que o vento trata de levantar da esposa. Não sou um perigo afinal sou gordo, eis um problema, não conseguimos impor nada nessas situações e prefiro ficar fitando a janela. Torço para Sexmachine sofrer um baque cerebral e esquecer que casou comigo.

Crianças brincando, florestas, queimadas, lixo, esgoto, liberdade, preso numa jaula, nostalgia. Sim. Penso... Prefiro um bom pastel de carne e um cochilo.

As bocas.

Bigodes espetando nossas vidas, pernas à mostra, quem quer comprar? Olhares falando algo. Estou em outro lugar. Sonhando?

Perdido, situações, saudades dos amigos. Quero descer do trem e encontrá-los. Peço: cale a boca mulher, preciso dormir.

Preciso sonhar um pouco.

16:25

Acordo com uns gritos de gol vindo da rua aberta pela janela. Andei usando tantas coisas que acabei esquecendo a Copa do Mundo ou que Roxana chorava devido à morte do seu pai. Não partiu de velhice apenas, um câncer comeu toda sua vitalidade, como a gordura comigo. Partimos para um bar próximo para o jogo das canelas. Jonas parecia um outdoor ambulante da seleção, usou as cores em todos os jogos da seleção, pena por que foram poucos, visto que uma equipe europeia arrebentou com o sonho. Catequizou os índios, roubou nossos diamantes e ouro.

Malditos europeus! Karol sussurrava no meu ouvido que a droga tava ótima.

Ótimas estão suas pernas cruzadas. O time que venceu cruzava toda hora, comentou um irritante comentarista de tv. Alberto não mostrava alegria com este esporte, preferia mãos, cestas, basquete, NBA. Americanos conquistando todo o mundo, vendendo seu modo de vida, o império do mal.

Malditos americanos!

Esporte estúpido repetia Jonas eufórico pelo gol, o mesmo que possuía um jogador sensacional sempre refletia vovô Ademais. Não era Jordan.

Não recordo o nome, muito menos do rosto do vovô. Guardando sua arma da época para uma época de revolta, sem saber que o herói do jogo estava tão ultrapassado quanto sua revolução. As rebeliões são tratadas com muitas doses de calmantes, barbitúricos, Zepam, e somos ótimos nisso. Coma seu lanche e fique feliz ao saber que milhares estarão comendo o mesmo, no mesmo instante, com o preço tabelado;

Que democracia! Milhões. Milhões de famintos!

Vou dormir mais um pouco, dor de cabeça... Adeus vovô Ademias.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Hipopótamo # 10






17:00



Com a ajuda de Jonas entrei rapidamente na família da comunidade. Larguei a hibernação do corpo e fui atrás da salvação da alma.

Todos me aceitavam e logo uma sensação feliz percorria meu ego. Nenhum deles reclamava das merdas que fizera durante toda passada vida. Experiência que preenchia um manual.

Amém!

Os pastores me usavam;

Não!

Instruíram-me para iluminar os caminhos dos drogados, suicidas, seres imprestáveis, excluídos pelas outras instituições.

Não para nós.

Somos uma grande família e você pode fazer parte.

Logo o dízimo soava razoável.

O fogo do inferno soprava insuportável.

Através de uma lavagem.

Não!

Limpeza espiritual para afastar espíritos malignos da mente.

Questionado;

_ Por ventura estaria vendo algo?

_Nada vi senhor.

Enquanto um hipopótamo desfilava pelo caro tapete vermelho posto ali no dia que um deputado apareceria.

- Tô odiando as aparições desse bicho -

Como Jesus largado na cruz pelo seu pai, pagando pelos crimes dos seus irmãos.

Igual com mamãe.

_ Cruzes você está louco meu filho?

Os esquecidos amigos!

Meus irmãos falavam que este tipo de atitude ocorria normalmente com os descrentes e logo ela veria a maravilhosa transformação da qual seu filho alcançara. Estar salvo, menos mal.

Meu papel na igreja estava bem esclarecido e acredite que aquele gordinho conversando com alguns jovens escolhidos unicamente pelo modo como se vestiam, é este que vós fala.

Sorrindo batia papo com essas meninas de cabelos coloridos com seus incríveis decotes.

_ Saia dessa vida menina!

Suas minissaias;

_ O mal espreita sempre!

Suas colegas rindo;

_ Muitos amigos são apenas uma má influência!

Elas ficavam mostrando os dentes rindo alto;

Eu baixinho.




18:00



Digo-vos descrentes que vi uma luz no fim do túnel. Mais ainda, no fundo do meu copo alcoólico. Lá, onde apenas existia o capeta com seus chifres 500 canais e sorriso dono de bar aceitamos fiado. Rindo das nossas dores de parto, fígado, cabeça, dentes... Meu senhor como é caro um bom dentista hoje em dia. Vossas televisões manchando a mente de sangue. Colocando suas filhas no caminho das messalinas, atrizes, minissaias, anticoncepcionais, decepciona ver uma criança carregando em vez de uma boneca, outra criança. Milhares de programas esvaziando qualquer oficina, o diabo agradece.

Os garotos sonhando com uma bola, cheirando uma cola, chupando uma rola, isso é algo normal pergunto a vocês?

O demônio espreita os caminhos fáceis, os mesmos que seus filhos logo seguirão. Jovens, por que sempre procuram facilidade, nesta idade.

Cartão de crédito sem limites;

Comidas de plástico;

Favores sexuais;

Amores artificiais;

Rejeitam todos aqueles que não se encaixam nos seus padrões de beleza e conduta.

Gordos;

Estranhos;

Deficientes;

Jovens;

Negros;

Excluídos;

Não somos todos legos;

Não seremos os brinquedos do diabo;

Não queremos ser postos de lado como cão velho pronto para o abate.

Contudo temos o sacrifício do filho;

O nosso pai celestial que não exclui ninguém;

Nem mesmo os necrófagos

&

Os padres pedófilos católicos romanos apóstolos;

Os ricos pastores das assembleias mercantis protestantes Deputados.

E com certeza não devemos esquecer-nos dos inocentes índios;

Eles não sabem de nada;

São uns bobos;

Perdoai a todos;

Amém.




Descanse em paz




_ Viu alguma coisa?

_ Não senhor.

_ Ele estava envolvido com drogas ou qualquer coisa do gênero?

_ Que eu saiba não!

_ Mulheres? Traição?

_ Não!

_ Alguma causa especial?

Os motivos podem parecer um pouco obscuros pelo atentado num dia qualquer da semana. O impressionante número de facadas cravadas no peito. A polícia em vão se esmiuçou em busca de algo.

Barbárie; estava escrito nos jornais deles;

Os nossos paper/news iam de salvo para alvo como político na câmara.

Assalto?

Vingança?

Todavia o pessoal não soube se tratar de uma dívida com o trafico.

Jonas livrou-se dos vícios diabólicos, encontrou a calma no espírito, podia ter casado com uma linda mulher, todavia perdera crédito há muito tempo com o alto comando de um morro/familiar.

Alguém precisava pagar.

Seu débito podia comprar vários terrenos no paraíso.

O movimento sem terra exigia uma participação nessas áreas para plantio e sustentação das famílias.

Afinal eram terras improdutivas.

Produção em massa de coca, o mais querido de Jonas.

Fanático burro, pois estando na igreja e com o olhar de deus creu que nada podia acontecer.

Dois moleques desceram a favela para cobrar-lhe o negado;

Culto do Pastor da gloria, pessoas levantando as mãos para o alto, e Jonas esfaqueado umas treze vezes.

Fitei o garoto com a faca de cozinha, Brizola, o mesmo que passava a droga no Manu lanches.

O lance tinha ar de simplicidade:

Íamos ao bar, ficávamos sentados numa mesa.

Bebendo e cuspindo conversas fora.

O menino sentava ao nosso lado, bebia um pouco e ia ao banheiro.

Largava a encomenda atrás da lixeira.

Saía.

Enquanto um de nós entrava no mictório o outro (quase sempre Alberto) pagava a remessa.

Esquema planejado por Jonas.

Morto ao meu lado.

_ Havia algum envolvimento de Jonas com favelas próximas?

_ Não senhor delegado.

_ não vi nada.

Silêncio!

O mesmo que demonstro agora de frente ao caixão dele, numa sexta/chuva inundando minha face de lágrimas. Irritado por que Karol e Alberto não apareceram. Família sumiu do mapa, do papel.

Isabel entrando em pânico, gritando sobre a maldição. Sendo contidas por amigos.

Atada a falsos mitos.

Precisando de remédios para dormir numa casa sozinha.

Viciada neles como o filho fora por cocaína.

Apontando-me o dedo, dizendo palavras duras.

_A culpa é sua!

_Você sofrerá da maldição também!

_Será o próximo!

A única pessoa que me oferece abrigo em seu ombro é nada menos que a vizinha gostosa/religiosa.

Abraços.

Acompanha-me ao prédio, diz coisas que aquecem o coração da pequena chuva batendo nos guardas.

Escadas.

Ao subir retribuo o carinho com palavras ao pé do ouvido, esquentam qualquer mulher entre as pernas.

Viúva.

Empurra-me pela porta de sua casa até o quarto recheio da boca com gosto de hortelã dela.

Aranha.

Grita de medo, mata essa porra, desliga a luz.

Imaginação.

Eis o modo como arranjei para transar com aquela mulher no escuro.

Acordo sozinho.

Reparo no banheiro com a porta entreaberta.

Apaga e abre.

O eterno retorno do jogo da vida.

Das nossas vidas desvinculadas.

Descanse em paz Jonas.


quarta-feira, 1 de abril de 2015

Gonzalo Martinez # 3



Aqui: Primeira parte de Gonzalo Martinez


Aqui : Segunda Parte de Gonzalo Martinez








         

Ao acordar com uma enxaqueca braba a primeira coisa que fiz , além de me entupir de remédios foi tentar recordar o papo do dia seguinte. Sentei no notebook e comecei a redigir um pouco daquilo que lembrara e para assombro meu era exatamente isso:

Gonzalo Martinez lutou contra o governo, contra os estrangeiros, contra uma doença incurável e todos acreditavam que esse homem não podia morrer.

Liguei para um contato que fizera e após alguns papos consegui marcar um encontro com essa figura num bar próximo ao hotel. Não podia perder essa oportunidade.




Aviso : Os personagens e a história em si são uma obra de ficção e quaisquer coincidências são mero acaso. A realidade continua sendo bem mais crua.


Autor : Thiago "Plaz" Mendes

Imagem : Free Morgue

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Hipopótamo # 9

Obra: Escher





22:30




        Sou gordo e nasci de uma família magra ainda assim vim a ser fatboy desse jeito.

Pode castigo maior?

Amo uma menina, um enigma. Com quem tive a melhor transa da vida, da qual só sinto ódio depois do fato ocorrido, preferindo na verdade meu amigo. Viciado em cockaine, riquinho cujo fetiche vê-la de quatro. Arrancaria um rim para tê-la, contudo escuto dela apenas um bom dia;

Boa noite;

Passa-me o amendoim.

Pode destino pior?

Meu pai e tão gay na mesma medida de um seriado enlatado americano, tanto quanto Paulo coelho é renegado pelos intelectuais, tudo bem nunca soube enfiar esse tal de Q.I avançado. Roberto esforça-se para dar lição de moral sobre mulheres, drogas, trabalho e acabo imaginando sua boca chupando um pau em algum beco de esquina.

Existe coisa pior?

Meu pênis e ridículo demais para qualquer discussão, já disse isso algumas vezes e detesto me repetir.

Existe coisa pior?

Quero com bastante molho;

Pode salsicha maior?

Esquecendo a transa surreal com karol, prefiro ficar masturbando-me junto a sexmachine do que pagar uma dessas estrelas de novela.

Pode parar de gemer um pouco?

Pode parar nesta estação estou enjoado?

Tem como tirar metade do meu peso e usar parte para aumentar meu pau?

Odeio cálculos difíceis

Posso escolher outra roupa?

Pode para de cagar na janela, pombos de merda?

Continuo seguindo o hipopótamo alucinado. Pode parar de reclamar ele diz!

Sim. Fácil. Aponte uma arma na minha cabeça e estoure os meus miolos, mas cuidado para não acertar barriga, nada de tiro nela hoje, pois almocei miojo.

Deus me odeia, renega meus familiares.

Por que você não entra para uma igreja para provar isso.

Pense...

Uma boa desculpa.

Quem vê cara não vê coração;

A justiça usa uma venda

Uma dessas beatas nem precisa fitar-lhe como um porco para te amar.

Amor?

Pode castigo maior entrar para uma igreja?

Meus pais me querem longe.

Estou perdendo amigos.

Dentes.

O amor da minha vida.

Perdi a faculdade.

O ultimo episódio daquela série da família de negros.

Deus me detesta.

Está é minha única verdade.




14:57




        Algum tempo depois minha vida tomou um rumo inesperado graças a um telefonema antes da hibernação habitual.

_Alo?

_ Alexandre, oi é o Alberto tudo tranquilo ai?

_ Claro!

-Coisa ruim. Afinal seria a primeira vez que ele me ligaria-

_ o que houve brother?

_ amigo to ligando pra te dar uma grande noticia...Vou casar com karol!

_ que bom!

-Noticia ruim!-

_ Além disso irmão, nós decidimos seguir o exemplo de Jonas e largar essa vida errada, entrar nos eixos.

-Péssima noticia!-

_ antes que esqueça: Feliz aniversario!

- Por sinal esquecera-se disto -

Jonas conseguia convertê-los bem rápido. Onde estaria meu bolo de aniversario, meus amigos, velinhas, presentes. Festividade em desligar o telefone e voltar a dormir.

Tempo depois os dois pombinhos seguiam viagem para alguma parte do interior, casa de uma tia de Alberto. Jonas parecia realmente um filho da mãe com sua indumentária religiosa.

Bíblia embaixo do braço;

Cabelo repartido ao meio;

Semana a semana querendo conversar sobre a salvação com um gordo completamente dopado. No inicio tratei de rir bastante como se fosse um bizarro mundo paralelo, todavia os dias aumentam a sensação que o mundo estava mesmo de cabeça pra baixo.

O meu mundo!

Acordei com barulhos estranhos vindo do quarto de Roxana. Caminhei assustado e fiquei paralisado ao vê-la gemendo em cima de papai, sussurrando meu nome no escuro. Detive-me e retornei para a cama.

Sonhara!!

Refleti ao constatar que Roberto estivera fora para viagem de trabalho...Pensei se estaria alucinado por dois pensamentos.



1º. Numa frase que lembrei “se não pode vencê-los junte-se a eles”



2º. Quem era o homem escondido nas trevas entre as pernas da mamãe?



Passei dias dormindo ruminando bem baixinho tais acontecimentos e aos poucos percebi estar rezando de alguma forma. Perdido em pensamentos e ao suor que escorria, logo indaguei;

Não tenho salvação!



20:30



      Não encontrei nenhuma salvação, mas embutido da primeira ideia caminhei pelos cascalhos da vida e praça central. Parei perto do grande templo erguido com suor e sangue. Ali mora o senhor, bola de neve, aquele que me odeia, roubou amigos, trouxe vazio a um coração fraco e não retive duvidas ao entrar na casa e perante olhos atentos, gritar;

_ Sim quero ser salvo!!!



A plateia descrente pela atitude não percebe que a vida continua. As flores morrem caindo em qualquer terreno imundo pelos montes de lixo largados. Pessoas correm como porcos em busca dos restos de muitos jantares, todos infelizes.

O verão aquece o mercado e queima a pele pronta para biquínis e algumas cervas na praia. Comercias visando o lucro, dane-se hidratação, alimentação, apenas cartão de credito.

Barba cresce,

Cabelo cai.

Barriga cresce,

Pênis adormece.

Pombos voam e o hipopótamo passeia livre pela colina. Não estou com fome, pois acabei de digerir comida de plástico, tranquilizantes misturados no copo, no sorriso do palhaço.

Jorrado na cara dos espectadores.

Atônitos eles percebem a virada ocorrida, nenhum plano, desculpa, quaisquer palavras.

Deus escreve certo por linhas tortas.




por Thiago Mendes

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Hipopótamos #3




21:55
  

        Estamos no mesmo bar de sempre, com as mesmas pessoas, bumbuns e batatas, todas murchas.

Mesa 5

Bebendo cervas baratas, amendoins baratos, barato que o pó continuamente nos revela.Adorooooooooooooooooo.Impregnando o ar com fumaça fedorenta, enchendo nossos pulmões de toxinas.Um dia como qualquer outro.Seria assim...Mas...A chegada de um garoto de cabelo vermelho. Fitou-nos durante meia hora, puxa papo depois de cinco cervas e um rubro maço de cigarros.      Dou atenção ao assunto que gira na mesa e para subitamente na minha face iradaCiúmes?O carinha é bonito!Não sou viado!As bocas continuam o debate. Deus, o garoto pronúncia para alegria dos meus amigos seu discurso.-Deus? Odeia-me-Vermelho no cigarro e cabelo, nome complicado, descreve uma cadeia de acontecimentos, diz que temos a mania de culpar:Culpamos por hierarquia,Nossos pais por sermos assim;Amores pela rejeição;Empregos pelo cansaço;Mulheres por impotência;Culpamos Deus por tudo e um pouco mais.Penso: Sou gordo, pênis curto e você com esse cabelo cool e belo rosto só cuspindo merda.Digo:_A quem devemos culpar?_ Seja responsável pelos seus atos, pois não faz sentido descarregar suas falhas em meios externos, mesmo que Deus exista, ele não é culpado por suas infelicidades. Crianças riem, brincam, pulam, mesmo que ainda suas barrigas gritem...Fome!!!“Enquanto tolos procuram culpados, sábios procuram soluções”.-ele nem ao menos diz quem citou isto-      Vejo Karol rindo a cada palavra dele, Jonas oferece o veneno branco recusado com total educação.Um careta de merda querendo dar sermão!O que ele sabe, veste roupas alternativas, deve ter uma namorada com gostosos lábios prontos pra chupá-lo.Eu não sou culpado pelo crime de nascer com mais de cem quilos mal distribuídos._ Esse é o meio de viver com dignidade a vida.Penso: Essa não é minha verdade.

  
18:58
  

        Ando com muito esforço pelos corredores da faculdade em busca de minha sala.13, 14,15...Onde a turma se espanta como Jason matando o casal bonitinho a fim de transar antes de minha entrada.Pra que o espanto?Eles sempre morrem.Uma menina grita algo antes de enfiar-lhe o facão rente ao peito.Não ligo para reclamações, já basta se acomodar numa cadeira nada confortável.Sou canhoto.E gordo.Sério, acordei bem hoje.Mal lembro da matéria, nem quantas faltas, o assunto ou o número de mortes.A única coisa da qual minhas retinas têm total atenção é o grande par de seios da professora. Virginia, nome sugestivo sempre portando um decote tomara que caia na minha boca. Duas grandes tetas, fontes de prazer ao longo do dia. Obcecado. Excitado, ao lado um ruivo discute qual seria a teoria mais completa. Completa meu x-tudo que na volta pego; claro sabia que minha presença não duraria mais do que uma ereção.      Retorno às paredes brancas do hospital, quer dizer do campus, afinal nenhuma vitima acidentada, todas mortas. O corredor vazio para uma continuação/carnificina e ao longe reparo no existencialista de rubro cabelo.-O idiota estuda aqui?-Atravesso seu caminho sorrindo pelo dia agradável, dele nem mesmo um reconhecimento. Meia volta, e dirijo-lhe a palavra. Ele seguidamente pede desculpas e quer saber como anda o povo.Bem cheio de fome;Sem moradia;Os meus amigos estão ótimos apareça sempre para termos nossa conversa, interrompida por uma menina ao fundo que o chama. Despedidas, apertos de mãos, trocar telefone deixando um churrasco marcado. O pior é que a vadia que grita no meio da praça de alimentação possui uma linda boca. O belo casal que consegue fugir das garras do monstro e das continuações. Vou atrás do meu lanche e descubro que o atendente por coincidência um ruivo encheu o sanduíche de mostarda, odeio essa porra.Odeio finais felizes.Foi péssimo dormir.


Pra quem perdeu o fio da meada...

Parte 1

Parte 2



Thiago "Plaz" Mendes

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Hipopótamos




Tão profundo como um copo de cerveja, porém intenso como numa mesa cheia de amigos.

Cultura de bar

Plaz Mendes.






Hipopótamos & Pombos




21:00




     Andei sem qualquer rumo pisando nos cascalhos do chão, paralelepípedos que levavam a um belo jardim, cheio de pequenos cogumelos, contudo venenosos. Pernas, carros, buzinas, patas. Fiquei parado diante daquela grande casa de Deus...Penso se acaso haveria uma vaga para o que outrora chamaria de circo. O carnivale humano, com seus personagens bizarros, não um anão, mas todos nós perante um gigante. O frio entorpecia meus músculos e gelava minha cabeça, conduzia-a rumo a acontecimentos antigos, esquecidos, apagados como num grande quadro negro. Dói rever o passado quando defendíamos um conceito e mudamos, porém isso dever ser aceito como evolução, progresso ou experiência, afinal não nascemos prontos como aquelas comidas microondas. Congela e descongela. Não tenho gordura suficiente para hibernar aqui fora. Start e end, meu fim se aproxima. Amar e odiar, um nome martela minha mente, não consigo esquecer o processo. Os rostos na rua atrás da salvação, quem não busca algo similar?

Na verdade relembro em minha mente as pessoas que pintaram de muitas cores my life. A garota do sorvete de creme. Os sujos pombos do telhado ao lado. Os vícios/virtudes dos garotos. Somos a geração perdida. Punk ou funk. A maldita maldição nos consumiu ate o ultimo pedaço. Perdemos nossos deuses em nome de algum comercial. Os meus amigos e seus dilemas e reparo num espaço vago. Falta algo além do calor, relato, um livrinho de anotações. Coisa mais profunda, amor?

Ou seria apenas fome a reclamar um extenso estômago vazio?



23:00



Estamos num bar, conversando e bebendo nossas cervas. O estabelecimento e pensão “Manu lanches”, um careca esposo de uma gostosa bunda e par de seios murchos como as batatas fritas da porção que mastigo. Meus três únicos amigos juntos. O amor da minha vida entre eles, e que se diga logo um enigma decifrá-la.

Ela que por sinal namora meu parceiro de toda hora. Imagina a confusão alcoólica que isso pode proporcionar ao meu nada fastio corpo.

Mesa 3.

Unidos a espera de ir ao banheiro, ansiosos por sua vez. Brizola chega da rua e vai ao mictório.

Entrega pronta.

Inicio.

Apaga e abre a porta, meu momento chegou de entrar e logo em seguida sair. Minha balada não dura exatos cinco minutos, o prazer acaba com a sensação de tempo. Uma grande rotina para qualquer olhar menos distraído, mas também o que se espera de um boteco cheio de rostos distorcidos por fumaça e cachaça. Sentados num boteco sexta feira perdendo nossas vidas, nosso dinheiro, fígados, ganhando o ônus da morte. Apaga e abre, apaga e abre o eterno jogo da vida, nascer e morrer, minha vez de novo. Rimos conversando com nossos supostos colegas de bar, na maioria homens perdidos num copo aguardente querendo demonstrar um pouco de capacidade na frente de quatro jovens com a idade dos seus filhos. Jogando conversa fora, já passou da meia noite;

Sábado.

Jonas parece tenso no decorrer da noite. A agradável ciranda da porta parece irritá-lo. Quieto ele continua e nem entra no mictório. Da sua boca algo reflexivo, distante; quem sabe religioso ou simplesmente complicado. Não o respondo ocupado com as pernas de K... E o apaga e abre. Al grita palavras de ordem para animá-lo. O suor escorre pela testa e noto como a coisa ta ruim ou boa pela felicidade dos rostos conhecidos, menos é claro Jonas. Que desfere um olhar de ira ao joguinho divertido, ao nosso habito e imaginar para descrença geral que ele próprio inventou todo o esquema. Apaga e abre, levanta e corre;

Foi?

Sumiu?

O pessoal atônito pelo amigo. A musica não para de rolar maquina barulhenta e o grande bumbum samba. A cascata nunca deixa o copo vazio, tento tirar K... Das minhas cabeças e me questiono: Jonas?


O silêncio predomina no resto da mesa, o pó dura apenas 2/4 dela. Cerva, nicotina e amendoins completam o 2/4 que restam da noite. E minha vez de cheirar, e minha vez de ir ao banheiro. Apaga e abre, apaga e abre.



...continua


publicado originalmente no http://www.wattpad.com/20020296-hipop%C3%B3tamos#.UdSU5vlwra4

Thiago Mendes