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quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Hipopótamo # 10






17:00



Com a ajuda de Jonas entrei rapidamente na família da comunidade. Larguei a hibernação do corpo e fui atrás da salvação da alma.

Todos me aceitavam e logo uma sensação feliz percorria meu ego. Nenhum deles reclamava das merdas que fizera durante toda passada vida. Experiência que preenchia um manual.

Amém!

Os pastores me usavam;

Não!

Instruíram-me para iluminar os caminhos dos drogados, suicidas, seres imprestáveis, excluídos pelas outras instituições.

Não para nós.

Somos uma grande família e você pode fazer parte.

Logo o dízimo soava razoável.

O fogo do inferno soprava insuportável.

Através de uma lavagem.

Não!

Limpeza espiritual para afastar espíritos malignos da mente.

Questionado;

_ Por ventura estaria vendo algo?

_Nada vi senhor.

Enquanto um hipopótamo desfilava pelo caro tapete vermelho posto ali no dia que um deputado apareceria.

- Tô odiando as aparições desse bicho -

Como Jesus largado na cruz pelo seu pai, pagando pelos crimes dos seus irmãos.

Igual com mamãe.

_ Cruzes você está louco meu filho?

Os esquecidos amigos!

Meus irmãos falavam que este tipo de atitude ocorria normalmente com os descrentes e logo ela veria a maravilhosa transformação da qual seu filho alcançara. Estar salvo, menos mal.

Meu papel na igreja estava bem esclarecido e acredite que aquele gordinho conversando com alguns jovens escolhidos unicamente pelo modo como se vestiam, é este que vós fala.

Sorrindo batia papo com essas meninas de cabelos coloridos com seus incríveis decotes.

_ Saia dessa vida menina!

Suas minissaias;

_ O mal espreita sempre!

Suas colegas rindo;

_ Muitos amigos são apenas uma má influência!

Elas ficavam mostrando os dentes rindo alto;

Eu baixinho.




18:00



Digo-vos descrentes que vi uma luz no fim do túnel. Mais ainda, no fundo do meu copo alcoólico. Lá, onde apenas existia o capeta com seus chifres 500 canais e sorriso dono de bar aceitamos fiado. Rindo das nossas dores de parto, fígado, cabeça, dentes... Meu senhor como é caro um bom dentista hoje em dia. Vossas televisões manchando a mente de sangue. Colocando suas filhas no caminho das messalinas, atrizes, minissaias, anticoncepcionais, decepciona ver uma criança carregando em vez de uma boneca, outra criança. Milhares de programas esvaziando qualquer oficina, o diabo agradece.

Os garotos sonhando com uma bola, cheirando uma cola, chupando uma rola, isso é algo normal pergunto a vocês?

O demônio espreita os caminhos fáceis, os mesmos que seus filhos logo seguirão. Jovens, por que sempre procuram facilidade, nesta idade.

Cartão de crédito sem limites;

Comidas de plástico;

Favores sexuais;

Amores artificiais;

Rejeitam todos aqueles que não se encaixam nos seus padrões de beleza e conduta.

Gordos;

Estranhos;

Deficientes;

Jovens;

Negros;

Excluídos;

Não somos todos legos;

Não seremos os brinquedos do diabo;

Não queremos ser postos de lado como cão velho pronto para o abate.

Contudo temos o sacrifício do filho;

O nosso pai celestial que não exclui ninguém;

Nem mesmo os necrófagos

&

Os padres pedófilos católicos romanos apóstolos;

Os ricos pastores das assembleias mercantis protestantes Deputados.

E com certeza não devemos esquecer-nos dos inocentes índios;

Eles não sabem de nada;

São uns bobos;

Perdoai a todos;

Amém.




Descanse em paz




_ Viu alguma coisa?

_ Não senhor.

_ Ele estava envolvido com drogas ou qualquer coisa do gênero?

_ Que eu saiba não!

_ Mulheres? Traição?

_ Não!

_ Alguma causa especial?

Os motivos podem parecer um pouco obscuros pelo atentado num dia qualquer da semana. O impressionante número de facadas cravadas no peito. A polícia em vão se esmiuçou em busca de algo.

Barbárie; estava escrito nos jornais deles;

Os nossos paper/news iam de salvo para alvo como político na câmara.

Assalto?

Vingança?

Todavia o pessoal não soube se tratar de uma dívida com o trafico.

Jonas livrou-se dos vícios diabólicos, encontrou a calma no espírito, podia ter casado com uma linda mulher, todavia perdera crédito há muito tempo com o alto comando de um morro/familiar.

Alguém precisava pagar.

Seu débito podia comprar vários terrenos no paraíso.

O movimento sem terra exigia uma participação nessas áreas para plantio e sustentação das famílias.

Afinal eram terras improdutivas.

Produção em massa de coca, o mais querido de Jonas.

Fanático burro, pois estando na igreja e com o olhar de deus creu que nada podia acontecer.

Dois moleques desceram a favela para cobrar-lhe o negado;

Culto do Pastor da gloria, pessoas levantando as mãos para o alto, e Jonas esfaqueado umas treze vezes.

Fitei o garoto com a faca de cozinha, Brizola, o mesmo que passava a droga no Manu lanches.

O lance tinha ar de simplicidade:

Íamos ao bar, ficávamos sentados numa mesa.

Bebendo e cuspindo conversas fora.

O menino sentava ao nosso lado, bebia um pouco e ia ao banheiro.

Largava a encomenda atrás da lixeira.

Saía.

Enquanto um de nós entrava no mictório o outro (quase sempre Alberto) pagava a remessa.

Esquema planejado por Jonas.

Morto ao meu lado.

_ Havia algum envolvimento de Jonas com favelas próximas?

_ Não senhor delegado.

_ não vi nada.

Silêncio!

O mesmo que demonstro agora de frente ao caixão dele, numa sexta/chuva inundando minha face de lágrimas. Irritado por que Karol e Alberto não apareceram. Família sumiu do mapa, do papel.

Isabel entrando em pânico, gritando sobre a maldição. Sendo contidas por amigos.

Atada a falsos mitos.

Precisando de remédios para dormir numa casa sozinha.

Viciada neles como o filho fora por cocaína.

Apontando-me o dedo, dizendo palavras duras.

_A culpa é sua!

_Você sofrerá da maldição também!

_Será o próximo!

A única pessoa que me oferece abrigo em seu ombro é nada menos que a vizinha gostosa/religiosa.

Abraços.

Acompanha-me ao prédio, diz coisas que aquecem o coração da pequena chuva batendo nos guardas.

Escadas.

Ao subir retribuo o carinho com palavras ao pé do ouvido, esquentam qualquer mulher entre as pernas.

Viúva.

Empurra-me pela porta de sua casa até o quarto recheio da boca com gosto de hortelã dela.

Aranha.

Grita de medo, mata essa porra, desliga a luz.

Imaginação.

Eis o modo como arranjei para transar com aquela mulher no escuro.

Acordo sozinho.

Reparo no banheiro com a porta entreaberta.

Apaga e abre.

O eterno retorno do jogo da vida.

Das nossas vidas desvinculadas.

Descanse em paz Jonas.


segunda-feira, 24 de junho de 2013

Beat I






Vou homenagear:

Todos os perdedores; nós que aqui estamos nesse bar, de bar em bar, de cerva a cerva, entramos no inferno, e não vamos sair, porque não temos dinheiro para pagar a conta e há muitos pratos a serem lavados;
Todos os cães querendo enrabar seus irmãos, não há cadelas no momento, pois enquanto isso os homossexuais estão dando o cu nos escuros becos, não sou preconceituoso, os casais também estão querendo tomar no rabo!
Todos os que não têm nome, mas fome, os sem pernas da praça, os sem olhos esmagados nos asfaltos, os com filhos, quase cem, quase sempre sem ter o que comer, enquanto nós passamos os fedidos, e Werther ri do império do silêncio vendendo peidos a qualquer preço!
Todos os fudidos, aqueles que sabem que são e os que não perceberam que são. Todos são, nem todos em sã consciência até por que Bernardo continua dando boas doses infernais a suas veias, e sua mente não anda bem das pernas, mas temos pernas fortes, andamos o dia inteiro nesse sepulcro chamado sociedade ou como diz Baby, São motherfucker Gonçalo;
Todos que tentam escrever poesia Ginsberg, mesmo que apenas sabendo alguns versos comprados numa bienal quaisquer ou tentam comer essas piranhas de difíceis nomes, quase sempre grávidas ou esperando um pinto bom de cama, pobre Fumaça, quando conheceu uma dessas e percebeu que a vida não é apenas doce, mas talvez amarga, acida, escura e sem camisinha;
Todos os machos machucados de tanto darem a bunda num supermercado onde Violet planeja roubar uma bala halls, pois o bafo de maconha incomoda a bicha do Rudy que espera sua vez para chupar um pau no mictório de Duchamp, ele revela ao sair rindo do banheiro, um de seus muitos conhecimentos de arte, parte meu coração o adjetivo odiador de veado, até por que odeio a maioria desses seus rostos cansados de tanta porrada, mulher que apanha do marido, marido que apanha do patrão, patrão que apanha do seu companheiro, liberdade não se ganha, mas sim se conquista!

Todos os tolos que desejam uma mudança social e ficam discursando em frente a estômagos machucados de tanto vazio, vazio de palavras, vazio de amor, nada de sexo diz minha irritante última namorada e mesmo aqueles como Patback querendo algo melhor, presos a tantos nos, tantos prós que acabam esquecendo a melhor Vida, pois estão ocupados tentando fazer o que você nunca fez, e no final serão esquecidos como nós os ferrados, os sem nome e tu ri ao soletrar teu pequeno nome de merda, fazemos a mesma merda, mas não somos iguais, vocês se acham mais predispostos pro mundo real, nós achamos todos esses nomes de merda uma verdadeira merda, somos os fudidos, mas não somos essa merda que vocês chamam de vida! 



Thiago Mendes