sábado, 29 de outubro de 2016

Hipopótamo #11





Capitulo I



Na minha juventude meu avô vivia sempre a dizer que uma guerra servia para limpar restos/corpos das vitimas. Um crime como se referia o boxeador, e nunca daria honras a uma pessoa, imagina a um pombo.

Mas.


A primeira guerra mundial desencadeada pela morte de um príncipe, relatos nas letras postas nos livros, e durante três anos os aliados, os bons ou como vovô preferia:


_ O nosso lado!


Que perdia de vento em poupa, eis que numa inédita decisão o vento bateu asas, as nossas, e fomos convocados para a guerra, os chamados:


Pombos correios.


Que durante o espetáculo sangrento tentavam as turras consertarem a perda das comunicações, graças a nós, elas voltaram ao normal, pelo menos ao de uma batalha.


Carnificina foi ver quantos pombos perderam as asas ou pior suas vidas por causa de um pequeno nome. Graças a uma fofoca que encerrou a guerra dando a vitória aos aliados. Campo cheio de dejetos, nada de batatas.


Aos vencidos: mortos...


Ao meu jovem avô sobrevivente que conseguira entregar a ultima e mais importante noticia.Seus amigos mortos.


Ao vencedor: uma medalha de honra ao mérito.A fofoca circulava contendo o intimo segredo dos inimigos.Ao perdedor: sujas roupas de baixo.


Durante o tempo de recesso vovô pode construir uma família. O dinheiro trouxe ao seu filho conforto, meu futuro papai.Viviam bem para pombos. Avô tenente do ar.


Mais...


19:00


Do cemitério ao casamento foi tudo tão rápido que quase não consigo ar ao descrever os atos. Os fatos expostos são que casei com a vizinha depois de nossa transa/imaginação. Uma única noite de sexo arrematada com uma ligação para o resto das nossas vidas (assim pensei triste) rotineiras. Obrigação desenvolvida pela boca dos crentes, irmãos, vizinhos enxeridos, família reunida... Merecia o flagelo por possuí-la?


Em que maldita trama havia caído?


Ganhei a benção da igreja, dinheiro, roupas, padrinhos parasitas, madrinhas safadas com seus corpos mofados.


Encontrei o garoto de cabelo vermelho numa festa, formatura da faculdade que perdera há muito.


Entre mortes e sumiços, catequese e índios deu-me a chave da liberdade.


_ Viúva, logo não pode casar de novo.


Agradeci a seu conselho, ele despediu-se com passagem comprada para Holanda junto a sua namorada;


Valentina.


Não era a mesma garota dos lindos lábios.


Cuspi nos meus irmãos tudo, casada, viúva, luto, ia contra nossa igreja, deus castigaria, o diabo sorria.Atônitos eles foram conversar com ela.


Alguns dias depois já estava casado com aquela mulher que se vestia como a bruxa do 71.


Nunca foi casada. O suposto marido fora inventado pela mãe dela para que a filha não tivesse relações com o diabo do homem.Sua mãe era de uma versão ortodoxa das nossas assembleias que foi extinta com os direitos das mulheres alcançados.


Uma geração unida:Sufragistas;Prostitutas;Donas de casas;Religiosas;Assistentes de escritório;Prostitutas;


Com o aumento de salário, camisinha, liberdade, aborto, nenhuma delas arranjou tempo para continuar o ensinamento da igreja da Eva pecadora.


Os ensinamentos pregam que Eva traiu a confiança de deus por que Adão não conseguia mais dar prazer a uma mulher e insistia em passar tempo demais com alguns animais.


O pecado original consistia numa mulher tendo prazer sem parceiro, ou alguém dúvida da imagem da cobra;


Um grande falo;Um consolo;Uma expulsão.Meninas ardentes de sexo reprimidas;


Uma delas, ao todo sobrou apenas vinte mulheres, a vossa esposa.Alguns sussurravam no meu ouvido que fizera a escolha certa. Isso não é bem uma escolha, fui escoltado para o altar!


_Apenas no caso de você desistir querido filho


Roxana reaparecia na trama ao lado de uma destruída Isabel aceitando a igreja e afirmando que o casamento pela primeira vez seria uma decisão certa, refleti que nem um gole de cerva tomara.Tudo ia sendo jogado no meu colo, carecia de vontade própria e aos poucos sentei nas cadeiras do trem, vagão dois, mais barato e assistia ao desenrolar daquela viagem sem a menor curiosidade. Assustado ficara sempre quando noto que não sei o destino dos trilhos, ainda.


E o hipopótamo corria rindo pelo caminho, meus pensamentos ficaram novamente em frangalhos ao notar que karol não aparecera no casório. Festinha onde me encontrava completamente sozinho, como no vagão olhando pela janela pressentindo que as coisas ficariam piores, e pioraram.


Check-up


Na habitual visita ao medico escutei de sua boca preenchida por dentes brancos.


_ Seu coração anda meio abatido;


-Lógico. Casei-me com uma estranha mulher com bizarros costumes religiosos/sexuais-


_você precisa procurar fazer mais exercícios;


-Ela não chupa doutor; nada de sexo oral -


_ Evite um pouco a gordura;


-Sei que sou gordo, mas tenho evitado os fast food -


_ Vista avermelhada.Hummm


Anda chorando?


Conjuntivite?-Chapado -


_ Foram notícias preocupantes, Alexandre?


Certamente, o coração não suporta as surpresas, sinto ainda amar uma mulher, que além de odiar-me. Parece que jamais a verei de novo.


_Como assim rapaz? Não sou psicólogo se vira!


-Nada de exame de próstata seu merda -


_Anda usando drogas?


Olha doutor você tem algum animal querendo sair do banheiro, tipo um hipo... Ele nem deixou completar a frase;


_Procure ajuda viciado;


Faz tempo que não fumava, dei apenas um tapinha;


O mesmo que levara da secretaria de saia curta e braços longos. Sai do hospital pronto para ser executado pelos ansiosos monkeys espaciais na saída.


Sim, porteiro. Fumei um pouco e comi um pedacinho do cogumelo, contudo possuo colírio e não fiquei gigante nem pequeno, todos ainda notam-me.


O homem parado na frente


Roberto.


Papai.


Hummm.


Percebi algo de estranho nesse senhor que gritava comigo e ai notei sua boca gritar por outra pessoa;


Como assim porteiro gay?


_ Sua mãe foi atropelada!!!


Stop.


Como?!


_ Encontra-se numa UTI e meu filho a situação é gravíssima.


Nunca sei o que ocorreu após a notícia, desmaiei pelo efeito da psilocibina ou adrenalina, meu coração anda fraco.


Odeio notícia surpresa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário