terça-feira, 7 de outubro de 2014

O Acordo

Henry Darger





         Uma sala, duas cadeiras e uma enorme mesa. Nela continha um banquete para reis. Contudo ele fora feito para dois generais que com seus exércitos de lado opostos esperavam a hora certa de entrar. A reunião para a paz havia de começar.

Os dois líderes sentaram e começaram suas referidas homenagens e tratamentos. Atrás das portas, divididos pela pequena cabana, um intenso apanhado de homens, cansados de morrer, loucos para matar, uma imensidão capaz de assaltar o mundo; hábil em destruí-lo. Cortado por ligas, paises, cantões, moedas, medo. O fim daquela briga estava nas mãos dos seus comandantes, melhor dizendo, nas palavras deles.

O grande homem de brancos fios deu partida com sua verborragia, neste momento ninguém ficou na sala para escutar o seu discurso, apenas e é claro o outro senhor que apesar dos cabelos claros, ostentava um terrível talho no rosto. Quando terminou, ininterruptamente a boca do outro gesticulou com grande desenvoltura, nada sabemos dos ouvidos trabalhando, ponto. Não chegaram a nenhuma conclusão, minto; decidiram que os termos estavam meios incompreensíveis para ambos. Então. Cada um resolveu ao seu modo explicar conceitos, palavras do seu já dito discurso.

Não chegaram a nenhuma conclusão, repito; ficaram mais perdidos por que a explicação carecia de entendimento dos dois lados. A expressão contorcia-se, o coração acelerava e ninguém negava o grande esforço que aquelas bocas estariam enfrentando em nome da paz. Uma solução esfriou o ambiente, que tal se cada um conceituasse o discurso do outro? Nada mal, pensamos, pensaram, tentaram. A nenhuma conclusão chegaram, desisto; Um rato sorrateiro imaginou:

E se aplicassem as ideias a idiomas diferentes?

Contudo, tarde demais, noite; Os dois chefes levantaram das cadeiras e caminharam. Cada um para diante de seu batalhão.

Gritaram palavras de ordem para os homens que ali, ansiosos esperavam;

_ Guerra!

_ Bélico!

Neste momento único da historia, todos se entenderam. Logo se tornou claro que a única palavra que servia era matar, o único acordo que resolvia tinha de ser assinado com sangue.


E foi selado.


Por Thiago Mendes

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